Eu perdoo-me por não ter tido coragem de aceitar que algumas coisas precisavam mesmo acabar, perdoo-me por ter me arrancado de mim mesmo quando eu mais precisei do meu abraço.
Eu me perdoo por todas as vezes em que arranquei a casca da ferida só para negar a mim mesmo que eu precisava ir embora. Eu me perdoo por todas as vezes que dividi a dor e tudo o que me magoou só para não ter que lidar com o fim.
Eu me perdoo por todas as vezes em que insistir ficar em lugares quando o meu peito já implorava pela minha partida. Por empurrar para dentro de mim, por tanto tempo, pessoas que já não tinham tanto a ver comigo só por medo de não saber como eu seria sem elas.
A verdade é que eu continuei e foi incrível. Eu me perdoo por ter aceitado qualquer migalha só por medo de ficar sozinho, por me enganar achando que ser só era ser incompleto quando na verdade, na maioria das vezes em que me encontrei, foi ao meu lado.
Eu me perdoo por ter acreditado que outro me faria bem e ignorado quando a minha intuição dizia que me faria mal. por ter aceitado o mínimo. Por ter aberto o meu corpo para que entrassem quando só tinham interesse em passar por ele, por uma noite.
Me perdoo por abrir o meu peito para qualquer um que prometesse amor, sem ao menos, ter considerado que entre todos os amores, o amor que mais importa é o amor que sinto por mim.
Eu me perdoo por ter me culpado, por ter me auto-sabotado, por me maltratar toda vez que alguém partia e por todas as vezes que me julguei insuficiente a cada abandono. Eu me perdoo por ter prometido para mim mesmo, num momento de fúria ao amor, que nunca mais iria senti-lo
Eu me perdoo e compreendo que preciso, na verdade, aprender a admirar a pessoa que eu fui, e principalmente quem eu sou agora.
Créditos: Iandê Albuquerque (adaptado)