Por um mundo com menos reclamação e mais gratidão.
Se te perguntarem como estás, mesmo com tanta coisa indo mal, diz que está bem, sente que está tudo bem até que o céu fique azul, até que a simplicidade do olhar dissolva os teus problemas.
Quando te perguntarem como vai o amor, a saúde, os planos, as finanças, não penses no teu bolso, nos teus desenganos, nos teus medos. Apenas diz e sente que está tudo bem, sorri antes dos pensamentos virem vomitar os dilemas da vida. Acredites ou não, isso é uma revolução!
Acho que reclamar demais faz mal à saúde e contamina tudo em volta. Reclamar demais pode ser um ato comodista.
Prefiro aquelas pessoas que sempre sorriem e dizem que está tudo bem, apesar de todas as mazelas que as circundam. Eu acho que ver o peso e as sombras da vida quotidianamente, reclamando e empurrando os dias com a barriga, sem fazer nada para mudar é uma atitude que gera energias negativas no mundo. Reclamar demais corrompe as nossas mentes, torna-nos seres rabugentos, sem cor, cansados, andando pela vida como se ela fosse um fardo.
Acho que reclamar um pouco de vez em quando é bom, desabafar é importante para desacumular o que ficou preso no corpo, sem possibilidade de expressão, chorar e xingar pode ser ótimo para acalmar o coração.
Mas reclamar demais, todos os dias, é um comodismo, é um vício de alguém que não quer vasculhar o profundo de si mesmo, não está a fim de empreender grandes mudanças internas, fica nessa de regurgitar nos ouvidos alheios as mesmas chatices, as mesmas frases e histórias , fica nesse enredo manjado de falar mal da vida, de colocar a culpa em tudo e em todos. São pessoas que inventaram essa lente cinza de ver o mundo, e têm mania de nunca estarem satisfeitas, mas também não ousam fazer nada para mudar.
É mais fácil reclamar, falar dos problemas do que encontrar e colocar em prática soluções. É mais fácil despejar nos outros as culpas e ficar na posição de vítima. É mais fácil dizer que a vida não tem sentido do que tentar mudar a estrutura do próprio pensamento e encontrar por aí belezas acessíveis. É mais fácil se adaptar a uma realidade, se ajustar aos roteiros predestinados, do que ter criatividade e coragem para trilhar outros caminhos.
Falta gratidão, flexibilidade e deslocamento no olhar!
A gente tende a cuspir no prato que comeu ou a fazer descaso com a vida, sem perceber os tantos presentes que recebemos, as aprendizagens, as sabedorias. Focamos a nossa atenção na dor, na falta, no que ainda não veio, no que ainda não somos e não temos. Esquecemos de perceber que a vida não precisa ser um caminhar sem sentido, esquecemos de perceber que não são os grandes acontecimentos que colorem nossos dias, esquecemos de olhar nossas tristezas com carinho, e as nossas realizações com ritos e festas, esquecemos de dizer bom dia para o vizinho e agradecer os encontros inusitados, o motorista do ônibus, a flor que nasceu no asfalto…
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A gente pode escolher dançar a própria dança, aquela que vem da alma e que foge do que os olhos dos outros vão dizer.
A gente pode escolher ser mais feliz, ser menos julgado, mandar um dane-se para o recalque alheio.
E assim, a gente pode viver mais sereno, pleno e consequentemente fazer mudanças na nossa alma e no nosso mundo. É isso que eu chamo de micropolítica: o autoconhecimento em prol de uma sociedade mais harmoniosa.
Espero que a gente aprenda a reclamar menos e a agradecer mais, pois a vida está aí para ser degustada pelos sentidos de quem sabe apreciá-la.