Há pessoas que não gostam de ti, gostam é de te ter a gostar delas. Sempre que estivermos num relacionamento, poderemos ter dúvidas quanto ao tanto de reciprocidade que vem do lado de lá. Seja no tocante a amizades, a famílias, a emprego, seja no amor, vez ou outra a gente acaba se questionando quanto à validade dos sentimentos envolvidos, dos nossos e dos outros.
Queremos ter certeza do retorno afectivo, queremos dar e receber na mesma medida, porque é assim que nos sentimos completos, é assim que não existe solidão acompanhada. É assim que deveria ser, porém, às vezes não é. Muitas vezes, o retorno parece não vir, o olhar não se volta em nossa direcção e as mãos do outro nunca procuram as nossas.
Na verdade, cada pessoa tem a sua própria maneira de sentir o mundo, de lidar com os sentimentos e expressá-los, ou seja, o lado de lá não será idêntico ao nosso lado e as nossas expectativas jamais estarão plenamente acomodadas. Isso não quer dizer, entretanto, que não existe comprometimento, parceria ou reciprocidade. Existem várias formas de demonstrar o amor e é preciso estar atento a formas outras de expressão afectiva que não as nossas.
Ainda assim, haverá retornos que não corresponderão ao que queremos simplesmente porque não haverá nada a retornar, não haverá volta de nada além do eco vazio do reflexo da própria solidão. O outro, nesses casos, apenas nos terá como um mimo, um enfeite que massageia o ego dele, um estepe seguro e certo ali do lado. Sempre existirá quem não goste verdadeiramente de nós, mas apenas quer nos manter ali gostando dele solitariamente.
Enfim, nada como a certeza de que somos amados, para tranquilizar o nosso coração, para sanar as nossas dúvidas eventuais e serenizar a nossa alma. Se houver dúvidas demasiadas, será hora de repensar o que vale ou não a pena regar.
Créditos: Marcel Camargo